O que aprendi com o Ipê Amarelo
Sempre me identifiquei com os Ipês. Essa árvore nativa do Brasil, que se colore apenas no inverno, logo após perder todas as folhas é, para mim, símbolo de força alegre e esperança. Estou acostumada a encontrar muitas delas pelo cerrado de Brasília, floreando em ondas roxas, amarelas, brancas e rosas. Cada uma ao seu tempo, cedendo gentilmente o palco para o próximo grupo.
Surpresa foi deparar-me com um espécime de Ipê na grande São Paulo. Preso em um pequeno canteiro, entre prédios, carros, fios elétricos, bueiros e pontas de cigarro, seu amarelo cismava em desafiar a cinzenta concretude cosmopolita da cidade. Em um rompante generoso presenteava os arredores com sua beleza efêmera pelos 5 dias em que a natureza lhe permitia florir. Os passantes, alheios àquele ato de resistência poética, olhavam para as telas do celular, onde a vida é sempre muito colorida e dinâmica e toda experiência pode ser repetida com o acionar de um botão.
Fiz questão de fotografar este ipê-amarelo-encarcerado-num-mundo-cinza. Um lembrete da realidade da vida moderna.
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